quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O QUE SOU?

Não sou o que pareço.
Sou o que não pareço.
Penso, logo, existo.
Existo, onde não penso.
Não; sou o que pareço.
Sou o que? Não pareço?
Penso, logo, existo?
Existo onde? Não penso.


Esses dias, escutei alguém dizer: “ando esquecendo de puxar o freio de mão do meu carro”.
Existo, onde não penso. E hesito, onde penso que sei.
O que anda precisando perder o controle? O freio? O que pára?
Freio de mão. Mecânico.
O que está tão mecânico que precisa se deixar levar... ladeira abaixo?
Ato falho.
Ou melhor, ato acertado. Falho talvez esteja sendo aquele que mantém sempre alerta, puxando o freio.
Existo onde não penso. Incoerência entre o que se pensa e o que se faz.
“Foi sem querer, querendo...” Frase de Chaves. Chaves pra abrir que porta?
Freud deu um golpe no narcisismo da humanidade, mostrando que desse modo, o homem perde o poder de Senhor e controlador de suas ações e começa uma busca incessante pela sua verdade inconsciente, que Lacan disse, se manifesta na e pela linguagem através do “unívoco”. Ops... Equívoco. O equívoco sinaliza que o homem nunca consegue dizer com precisão o que realmente sente, pois na linguagem se materializa sua marca de incompleto, de faltante; fazendo-o sempre pensar que ainda não disse tudo. E não disse mesmo. Existo, onde não penso.
Hesito, onde penso que sei. Afinal, "Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais; somos também, o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos, “sem querer“." (FREUD, S.)
Sem querer, querendo.