domingo, 8 de maio de 2011

O QUE É UMA MÃE?

Dia das mães. Comércio em festa. Segunda maior venda do ano, só perde pro Natal. Data comemorada e lembrada com tristeza por aqueles que já perderam as suas. Tempo de reflexão. Mas afinal de contas, o que é uma mãe?
Alguns dizem que mãe é aquela que cria, outros que mãe é avó. Outros vão ainda dizer que mãe é aquela que faz. Concordo, mãe é aquela que faz... mas faz o que? Que faz o filho, literalmente? É aquela que gera? Que empresta o óvulo? Que faz doação?
Acredito que essa discussão possa ir longe, muito longe, tão longe quanto a imaginação deixar levar. Imaginação que não falha pra quem teve mãe, pra quem foi investido, pra quem se deixou fazer objeto, alienar pra finalmente se separar. Imaginário... imaginário que falha tanto na psicose, que só aliena.
Mais do que quem doa o óvulo, mais do que quem empresta a barriga, mais do que gestar. Gestar, parece até tarefa fácil pra algumas que aparecem como notícia no Jornal Nacional. Gestar sem investir é menos, gestar sem envolvimento é menos, doar a célula é menos. Gastar sem investir é menos, mas investir sem gastar, é mais. É tirar a cifra e colocar desejo. É se ver não faltante quando lança o olhar pra essa criança, é se ver plena, mesmo faltante; é se encantar com a barriguinha, com o pezinho, é se divertir com as descobertas, é encontrar ali, o seu objeto de amor, seu “tudo” mesmo que só por um pouco de tempo.
Mãe, primeiro amor de todos nós. Aconchego que a gente quer sentir de novo, de novo e de novo. Traço que marca e que a gente percorre o mundo pra sentir aquela satisfação de novo. Aquele “sou tudo pra você”. Um tudo que não é todo. Pulsão, pulsão, pulsão.
Aquela que instala a pulsão, que nos deixa desejantes, que nos faz sujeitos.
Que nos aliena no seu amor, pra separar e finalmente, a gente voltar sempre que desejar.