terça-feira, 27 de agosto de 2013

DIA DE SER

Hoje, dia do psicólogo, talvez se pudesse dizer muitas coisas. Talvez, nada. Muitos pensam que a gente só escuta, muitos pensam que a gente dá estratégia, muitos pensam que a gente tem todas as respostas, muitos pensam que a gente só faz perguntas. O fato é que neste impossível de psicanalisar, a gente precisa atravessar nossos próprios fantasmas para que possamos escutar o outro. O que é dito e o que não é. Ou como dizia Leminski: "presta bem atenção no que eu não digo". O silêncio analítico, o momento de elaborar, de prosseguir. Ninguém prometeu que na vida tudo seria fácil, apesar de a gente sempre querer acreditar nisso. Nesse sonho de criança, nesse devaneio infantil, e aqui, que se tome o infantil, no mais doce da palavra e que inunda sempre os nossos pensamentos e ações, afinal, adulto é aquele que atingiu seu pleno desenvolvimento? Alguém que se relaciona perfeitamente com seus semelhantes? Ou adulto é aquele indivíduo que ocupa o status definido pela sociedade, por ser maduro o suficiente para dar continuidade à espécie? Cognitivamente, autodirigido, que o torna capaz de responder pelos seus atos diante da sociedade? Sim, maduro. Alguém que administre de forma eficaz sua vida profissional, pessoal e financeira. Aonde estão os adultos? Não é a toa que numa análise, voltamos à infância, porque todos a temos dentro de nós mesmos. A boa má notícia: Ela nunca sai de nós. É necessário que encontremos lá, o entusiasmo da contagem regressiva para o natal, ou para a chegada dos pais em casa, a coragem de subir em árvores, sem cogitar que se pode cair. Aos poucos, na vida, vamos criando nossas "casquinhas", medos... inseguranças, e quando a gente já nem cogita subir mais na árvore, de repente, somos tomados por inibição, sintoma e angústia. Já não galgamos mais objetivos, já não acreditamos mais nas pessoas, nos tornamos incapazes; e superar desafios não existe mais no nosso vocabulário. E o pior de tudo isso, é que... poderíamos ser muito melhores, se não quiséssemos ser tão bons, como já dizia Freud. Então, nesse dia 27, e não só hoje, que a gente possa deixar nossa criança falar bem alto, que a gente possa se arriscar, subir em árvores, descer, colher os frutos da nossa vida, resignificá-la e tocá-la em frente. Afinal, o que se espera ao final de uma análise é que o sujeito possa amar e trabalhar. E que a gente, além de adulto, possa ser alguém capaz de admitir seu papel diante da vida, bancando nosso próprio desejo, (coisa que as crianças inclusive, fazem muito bem), e que nos tornemos gente grande e grande gente.