sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Pai é pai

Sempre que posso, (você leu bem: posso); brinco com meu pai. Digo assim: "ah, pai... Você sabe como é, né?! Pai é pai... Pai é aquele que ajuda, que dá um impulso, que intercede." Falava isso pra ele, num momento em que ele havia me ajudado com uma porção de problemas. 
Esta semana, lia uma matéria sobre as mil e uma acordadas noturnas de uma mãe onde a escritora dizia que o filho a chamava, várias vezes por noite. Hora pra pedir água, hora pra dar um oizinho, hora por fome. Na verdade, em todas estas vezes, a criança precisava sentir a presença da mãe, saber que ela estava lá, de uma forma ou de outra. Pois bem. A última acordada da noite desta mãe foi quando o pai falava pro filho: "fulaninho, vai dormir que não quero escutar mais um pio esta noite". E o pio, de fato, não aconteceu.
A palavra do pai, como tem força. 

É interessante pensar no que esse ponto de basta faz nas nossas vidas. 
Somos tendenciosos ao gozo; muitas vezes infrutífero. Fizemos isso com a nossa mãe e continuamos fazendo ao longo da vida. Mas, precisamos saber a hora de parar. 
Uma piada que permanece insistindo durante a noite toda, perde a graça. Fazer sempre o mesmo programa, enjoa. Estudar para o vestibular ou qualquer outra prova sem parar é insano, arrumar a casa dia e noite, noite e dia também passa longe da saúde; assim como parar demais também o é. 
Este ponto nos permite fazer algo a mais com a nossa vidinha que não ficar importunando a mamãe ou gozar a qualquer preço às custas de nós mesmos (e dos outros). 

O nome do pai e a força que ele tem, coloca um limite nas coisas, mostra a direção, e impede muitas vezes, que uma mãe venha engolir o filho, e que o filho também engula sua mãe, muitas vezes pelas solicitações sem fim. 

Esse ponto capituné tem função estrutural na nossa vida e nos ajuda com o movimento, com a circulação da pulsão; porque se a gente sabe a hora de parar, possivelmente fique mais fácil saber a hora de começar também. Qualquer coisa. 

Lembra que eu falei no começo que sempre quando posso, brinco com meu pai? Aprendi isso numa das vezes em que percebi que quando ele falava, eu devia escutar; mesmo que quisesse discordar depois. Algo do tipo: "agora sou eu que estou falando, aguarde a sua vez". E agora, eu posso mais. Posso resolver calar ou falar, ir ou ficar, colocar a luva ou o anel; mas sem dúvida, o mais importante disso é o decidir. 

Esse é o papel do pai na tríade mãe -bebê - pai. Que haja um terceiro capaz de fazer a energia circular e o movimento acontecer. 

Feliz dia dos pais, porque pai... é pai! 


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