quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

SOLIDÃO

Quem tem medo da solidão, solidão, solidão?
Quem tem medo da solidão? Lá lá lá lá lá lá.
Uma vez li que a solidão é perigosa, mas que não é contagiosa.
Antes fosse.

Uma vez que há contágio, quer dizer que é preciso contato, logo, não se está sozinho.
E quem tem medo dela? Será que alguém tem?
Todos temos medo da solidão. Todos. Uns mais, outros menos; mas todos nós, em algum grau, sofremos deste mal.

Uns, preferem se submeter a um relacionamento desgastado pra não se sentirem sozinhos... outros, combatem a solidão com uma porção de “amigos”, amigos que muitas vezes só servem pra sugar o que a gente tem, mas que com eles, tem barulho e acabo me convencendo de que não estou só...
Tem gente que tenta combater a solidão com a TV, e muitas reflito sobre esse papel que a TV tem de nos tirar um pouquinho daquela realidade que muitas vezes está tão sofrida e solitária. Aliás, já parou pra pensar que na prisão, quando querem castigar mais severamente algum preso eles o mandam para a “solitária”? Estar sem ninguém, não poder ser ouvido nem ouvir. Que castigo cruel. Pré-requisito pra loucura.
E que solidão é essa que se sente mesmo com a casa cheia? Que solidão é essa que dói no peito com o quarto fechado? É o silêncio que dói?
Outra vez, escutei uma música: “desilusão, desilusão... danço eu, dança você, na dança da solidão”....
Será que é a desilusão que traz a solidão? Quando me desiludo com alguém, aí a companhia perde a graça, e então, fico sozinho? Então quem sabe, a solidão seja uma escolha. Não existe um amigo que seja perfeito, mas só porque ele tem um defeitinho, ou defeitão, às vezes escolho perder o contato. E será que eu não posso me relacionar com ele apesar dos defeitos? Afinal, eu também os tenho.
Freud falou, há algum tempo sobre a dor do desamparo. Primeiro, somos jogados no mundo sem pedir para estar aqui, estamos submissos à vontade do Outro. Estar à mercê, estar sozinho nessa enxurrada de sentimentos, de fato, é muita falta de amparo pra humanos tão humanos, meros mortais como nós. Des – amparo, sentido na carne.

Já dizia Clarice Linspector:
“Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo”.

É verdade, a gente não sabe mesmo lidar com a solidão. E a gente implora, como implorou Clarice, pra que mesmo a solidão, nos faça companhia.

De fato, a solidão não é contagiosa, antes fosse.

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