Ganhei uma priminha. É engraçado como aquele bebezinho que dá pra pegar no colo agora, saiu de dentro da barriga!
Nascimento, coisa impressionante. De duas células, faz-se uma que vai se modificiando, crescendo e vira uma vida. Nove meses de espera, e nasce então um indivíduo. Bravo, bravíssimo. A natureza cumpre com perfeição aquilo que prometeu. E agora? O que fazer com esse serzinho que está pra fora da barriga, mas dentro do mundo? Como agir, como educar, como repreender, como amar? Vamos partir do pressuposto que o amor deve estar ali, mas como amar? De que forma amar? Amar pra que não sufoque, amar pra que não seja demais, amar de forma que se possa permitir o outro, amar pra que se possa proibir. Sim, é preciso amar, pra que se possa sustentar a proibição, dizer "não" vinte vezes, sabendo que aquilo, é o melhor. De fato, chego à conclusão de que o mais fácil dessa história toda é carregar o bebê na barriga, porque depois que ele sai, é que as coisas podem ficar muito sérias.
O lugar que um bebê ocupa, depende de muitas coisas, mesmo antes de ele nascer. Essa mãe brincou de boneca, sonhou em ter filhos, sonhou em ser mãe? É, antes de ser objeto de desejo, essa criança tem que ter sido objeto da fantasia. A fantasia de carregar um bebê no colo, de trocar a fralda, de dar de mamar, de ver o seu sorriso. PErcebe como o bebê existe antes de tudo, na imaginação? E se não for assim, sinto em lhe dizer, essa pessoa, que já foi um bebê, terá mais problemas do que se gostaria. Vi ainda hoje, fotos de um bebê que foi encontrado enterrado vivo, e que sobreviveu. Sorte a dele. Sorte de ter sido enterrado vivo e bebê, teve a chance de ser descoberto, pois se dependesse da mãe, talvez ela o enterrase sobretudo,m não apenas vivo, mas "em vida". Massacrando o filho, dando a ele o lugar que na verdade ela o tinha destinado: o lugar de não existir. Não existir em vida, é muito pior do que não existir em morte. Traz muito mais consequências, é muito mais tirano do que não existir na carne. E ele vai pagar com a vida o preço dessa existência. É claro que não existe uma fórmula mágica e secreta para a criação de filhos, (queixa de muitos pais), "filhos não vem com manual de instrução", é claro que não vem, e isso já é muita coisa. Se viesse com um manual, tudo ficaria muito técnicom muito certo, muito plástico; e isso é tudo que não devemos ser: um robô, sabe porquê? Porque o robô só faz tudo aquilo que o mandam fazer. E isso, é pouco demais. Pouco demais pra alguém que é sujeito, e que pode por si só, assinar a própria carta e não só selar e colocar no correio pra alguém.
Tudo é uma questão de lugar. Não o lugar geográfico, aqui ou na África, na Europa ou nos Estados Unidos, mas de que lugar me foi dado, que lugar queriam que eu ocupasse, o que esperavam de mim? Nem que seja pra depois, a gente dar um ": tchauzinho" bem categórico a isso que esperavam, e superar não o que os outros desejam, mas aquilo que eu desejo de mim mesmo.
E que a gente possa falar assim pros nossos filhos: "você é a boneca dos meus sonhosm o meu brinquedo do jardim da infância"; "o que eu sonhei", e porque sonhei, agora é capaz de sonhar, construir, viver. "É o meu brinquedinhom, mas brinquedinho vivo, que criou asas, e voou".
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