quinta-feira, 6 de maio de 2010

MÃE

Mãe, palavra doce, e certamente inesquecível. Ninguém esquece a própria mãe. É o primeiro Outro primordial, a que tem a nossa história nas mãos e que decide o que fazer com ela. Nossa história começa antes pelo desejo dela, o que ela sonhou pra gente, em que lugar nos coloca, refletido na escolha do nosso nome.
Ah, mãe... de todos os pacientes que escuto, impossível em algum momento da sua análise não trazer à tona esta palavra ao menos uma vez. Minha mãe isso, minha mãe aquilo... seja como for, ela sempre vai aparecer. Afinal, ela é responsável em parte pelo que nos tornamos.

Nos nove meses de espera, na idealização dos primeiros passos, em escutar a primeira palavrinha, e na torcida pra que seja “mamãe”... Muitas mulheres pensam e escolhem os parceiros imaginando se terão bons genes, mas a vontade de ser mãe, independe deste parceiro na maioria das vezes. O que a gente já sabe, desde que brinca com o bebê careca, é que queremos ser mães. O que a gente sonha mesmo é com o barrigão, imaginando como será o rostinho, em apertar os pezinhos, as mãozinhas, a barriguinha. E é nesse cuidado, que passa do puro cuidado para o que é prazeroso; onde a mãe investe de gozo o corpinho do bebê, quando ela também sente prazer nesse cuidado; é isso que faz com que a gente passe de um pedacinho de carne simplesmente e se transforme num ser humano que se arrepia quando passa um vento, que sente frio e calor, e mil e uma sensações. Não é a toa que em várias patologias, a sensação de corpo é diferente. Afinal, nascemos todos iguais, mas por que um sente arrepio aqui e outro ali, um atrás da cabeça, o outro na barriga, um sente coceguinhas na sola do pé, o outro, não...

É o quanto a mãe sonha com essa criança, é quando ela dá espaço pra que a criança possa se desenvolver sem sufocar demais nem cuidar de menos. Receita difícil, quer dizer, falta de receita, onde cada uma, na medida do sentimento e da história vai encontrando a identidade maternal. Talvez a receitinha básica venha do que a gente aprendeu com a própria mãe, e isso está implícito, inconsciente, marcado. Ah, e passaremos isso também inconsciente para os filhos, querendo ou não.
Uma oscilação entre o céu e o inferno, já dizia a frase: “ser mãe é padecer no paraíso”; imagino o inferno na longa espera de uma mãe pelo seu filho que saiu sem dar notícias, e o céu quando esse filho chega, sem nada de ruim ter acontecido; ou o primeiro sorriso desse filho direcionado pra mãe, o abraço apertado, ou quando finalmente ela escuta que a primeira palavrinha foi mesmo... “mamãe”. Mágica de poder inimaginável que faz tudo valer a pena.

O amor, cuidado, e o desejo da mãe é o combustível que transforma seres humanos em seres capazes, o comum em especial, o ordinário em extraordinário.
É então, do desejo que se trata. Do desejo dessa mãe, investido nesse filho que pode transformar toda uma realidade e a vida de cada um de nós; e que faz o feliz dia dos filhos retribuído em Feliz Dia das Mães.

Um comentário:

  1. Muito bonito o texto.
    Vou mostrar para minha mãe! :-)
    Graças ao investimento feliz nos filhos, que hj bem estruturados, podem desejá-las um feliz dia das mães em retorno.
    Nesse ponto, devemos ter orgulho da aposta que nossas mães fizeram no dia em que nascemos.
    Graças a esse olhar, passamos a fazer trocas, criar vínculos, ter relações afetivas e constituir um casamento e quem sabe um dia, poderemos ser chamadas de mãe também.

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