quinta-feira, 8 de julho de 2010

MARCO ZERO

Hoje é o dia.
Dia D, dia de, dia A, Marco Zero.
Uma história começa, e outras dentro dessa.
Um desejo, um “eu quero”, teve que ser assim. Só que nessa época, eu nem sabia, nem sonhava... ah, sonhar, eu não sonhava mesmo.
O dia do aniversário é sempre reflexivo. Para quem acredita, inferno astral um mês antes do dia, contagem de alegrias e vitórias, às vezes de derrotas e sacrifícios.

Tic tac, o tempo passa. Angústia. Imperativo de um Outro que se faz absoluto me colocando como objeto do tempo. Tic tac.
À espera de alguma coisa durante os dias antecedentes, vi no relógio, o ponteiro dos segundos; não aquele da paradinha, do instante. Aquele que passa continuamente, sem parar, sem parar. Mais parecia uma ampulheta,com a areia se esvaindo por entre o espaço. Não dá pra pegar. Não dá pra impedir. O tempo cronológico é sempre imparcial, absoluto, inflexível. Ele é.

A gente gosta e não gosta de fazer aniversário. Ambiguidade... nada é absoluto, a não ser o tempo. Tic tac.
O tempo é muito lento para os que esperam, já dizia Shakespeare....

“muito longo para os que lamentam, muito curto para os que festejam, mas, para os que amam, o tempo é eterno”.
Ah, para os que amam... aqueles minutos ficam pra sempre registrados. Fazem marcas, corporais inclusive. Visceral. Aquilo que é do mais profundo, do encontro. Aquilo que não se tem muito como evitar, que simplesmente acontece. Traço. Traço que a gente tenta reencontrar durante a vida toda. Durante todo o tempo. Ah, tempo...

A vida é a tarefa de casa que a gente tem pra fazer. Com a diferença de que deixar para o dia seguinte pode ser arriscado, mas a gente deixa mesmo assim, contando com a sorte e cruzando os dedos para que o tempo passe devagar, porém, não é quando ele é melhor que ele passa mais rápido? Ora, não sou eu que estou falando, é Shakespeare.

Tempo. O que você vai fazer com o tempo? Plástica. Resposta pronta de alguém que tenta controlar a marca que o tempo faz. Faz a marca e deixa a marca. Inegociável.

O que você faz com o tempo?

Pois eu cheguei à conclusão que prefiro que ele seja curto. Afinal, é para os que festejam que ele passa mais depressa. Que seja uma festa, então, e que ele passe voando.

2 comentários:

  1. O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.
    Fernando Pessoa
    (http://significantess.blogspot.com/2010/06/viver-e-morrer.html)

    Treze dias. Quase duas semanas. E, em apenas cinco dias, ela tinha aprendido uma lição fundamental com relação ao tempo: como acontecia com o acordeão em que o pai de Tariq tocava às vezes velhas canções pashto, o tempo podia esticar ou encolher, dependendo da presença ou da ausência de Tariq.

    (Khaled Hosseini, A cidade do sol, p.99)
    (http://significantess.blogspot.com/2010/06/licao-fundamental-com-relacao-ao-tempo.html)

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  2. Isso é que é ser positiva. Adorei a percepçao do tempo. Querer que passe rápido para estar no rol dos que festejam. Super ! Olha que eu acreditava que essa era a única percepção da qual não cabia perspectiva positiva e vc achou uma. Excelente !

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