Quando a gente viaja, muda de lugar; óbvio.
Não tão óbvio assim é que, quando a gente viaja, muda de lugar subjetivo, muda de ponto de vista, e isso faz diferença.
Se estou no meu país, quem vem me perguntar coisas do tipo: “aonde fica isso?”, “em que rua fica tal ponto?”, penso: “nossa, que óbvio”, é claro que tal ponto é em tal lugar, é claro que a capital do Brasil é Brasília, é claro que no Rio de Janeiro tem o Pão-de-Açúcar, é claro que em São Paulo tem o Tietê. Mas quando estou em outro país, até o mais óbvio, pode parecer diferente. E é.
Quem é o representante político? Qual a capital? Como chego até lá? Sim, até o que é mais óbvio parece não tão óbvio agora. Sou estrangeiro, não sei exatamente onde estão as coisas, não acompanho de pertinho, não sei dos detalhes. Lembro bem de quando vi o Big Ben pela primeira vez. Todo mundo sabia que estava lá, mas quando eu descobri, foi a maior descoberta, e a minha expressão na foto não me deixa mentir o fantástico mundo que tinha acabado de desvendar. Eureka.
A gente muda sim. As coisas mudam de lugar, a gente muda junto; e um dos grandes baratos de embarcar na viagem é se permitir um pouco do que vou chamar aqui de “arriscação”. Você precisa perguntar alguma coisa, não tem jeito. Pra isso, a gente fala, gesticula, faz sons (que podem ser das coisas mais variadas possíveis), do tipo, se você quer dizer que o telefone está ocupado e não sabe isso em alemão, fala simplesmente: “das telephonen... tu tu tu...” não dá outra, todo mundo entende.
A arriscação tem dessas coisas, a gente tem que tentar. Não sabe todas as palavras da frase? Ah... Não tem problema, se não sabe tudo, faz o começo, emenda no final e no meio... Ah, no meio a gente inventa e tudo dá certo. Um dos baratos da arriscação é que, dependendo da língua, as pessoas podem entender mais ou menos o que você fala, (porque a língua que estão falando também não é a língua-mãe dela), e depois podem até falar de você (bem ou mal) na sua frente, sem você ter a mínima ideia. Não tem problema. Talvez seja essa a diferença quando a gente não sabe, não se ofende e está tudo certo. Tudo faz parte da arriscação.
Tem gente que viaja, mas não viaja a viagem. Insiste em fazer tudo igualzinho ao que faz no país onde é cidadão. A comida é diferente; coisas que você nunca viu, mas que se recusa a experimentar. Não que a gente tenha que experimentar gatinhos e cachorrinhos como na China, mas, se o diferente não fere os princípios, o bacana é fazer arriscação até na comida. O máximo é a gente não gostar. Tem gente que está lá do outro lado do mundo e insiste em comer fast food (com direito à batata frita igualzinha a do shopping a cinco minutos da sua casa). Adoro batata frita, mas o bacana de ir pra outro lado do mundo é experimentar o que é típico, diferente, único de lá. Acredite, até a receita tradicional, com os temperos típicos de uma região, fica totalmente novo.
Tem gente que só come lá o que tem aqui; efeito da globalização... Negação da diferença. A mesma batata frita de lá pode ser encontrada aqui, mas e aí, qual a graça? Tem gente que não experimenta. Nem pra dizer que não gostou.
Quando a gente viaja a viagem, viaja na viagem. Embarca de corpo e de alma. Se entrega, se permite. Viaja no tempo cronológico, com direito a alteração de fuso horário, e viaja no tempo lógico, com direito a pensar pelo menos um pouquinho do jeito que aquele povo também pensa. Viajar na viagem exige arriscação, mas acabei de me dar conta que arriscação... rima também com satisfação.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
VIAJANDO A VIAGEM
Quando a gente viaja, muda de lugar; óbvio.
Não tão óbvio assim é que, quando a gente viaja, muda de lugar subjetivo, muda de ponto de vista, e isso faz diferença.
Se estou no meu país, quem vem me perguntar coisas do tipo: “aonde fica isso?”, “em que rua fica tal ponto?”, penso: “nossa, que óbvio”, é claro que tal ponto é em tal lugar, é claro que a capital do Brasil é Brasília, é claro que no Rio de Janeiro tem o Pão-de-Açúcar, é claro que em São Paulo tem o Tietê. Mas quando estou em outro país, até o mais óbvio, pode parecer diferente. E é.
Quem é o representante político? Qual a capital? Como chego até lá? Sim, até o que é mais óbvio parece não tão óbvio agora. Sou estrangeiro, não sei exatamente onde estão as coisas, não acompanho de pertinho, não sei dos detalhes. Lembro bem de quando vi o Big Ben pela primeira vez. Todo mundo sabia que estava lá, mas quando eu descobri, foi a maior descoberta, e a minha expressão na foto não me deixa mentir o fantástico mundo que tinha acabado de desvendar. Eureka.
A gente muda sim. As coisas mudam de lugar, a gente muda junto; e um dos grandes baratos de embarcar na viagem é se permitir um pouco do que vou chamar aqui de “arriscação”. Você precisa perguntar alguma coisa, não tem jeito. Pra isso, a gente fala, gesticula, faz sons (que podem ser das coisas mais variadas possíveis), do tipo, se você quer dizer que o telefone está ocupado e não sabe isso em alemão, fala simplesmente: “das telephonen... tu tu tu...” não dá outra, todo mundo entende.
A arriscação tem dessas coisas, a gente tem que tentar. Não sabe todas as palavras da frase? Ah... Não tem problema, se não sabe tudo, faz o começo, emenda no final e no meio... Ah, no meio a gente inventa e tudo dá certo. Um dos baratos da arriscação é que, dependendo da língua, as pessoas podem entender mais ou menos o que você fala, (porque a língua que estão falando também não é a língua-mãe dela), e depois podem até falar de você (bem ou mal) na sua frente, sem você ter a mínima ideia. Não tem problema. Talvez seja essa a diferença quando a gente não sabe, não se ofende e está tudo certo. Tudo faz parte da arriscação.
Tem gente que viaja, mas não viaja a viagem. Insiste em fazer tudo igualzinho ao que faz no país onde é cidadão. A comida é diferente; coisas que você nunca viu, mas que se recusa a experimentar. Não que a gente tenha que experimentar gatinhos e cachorrinhos como na China, mas, se o diferente não fere os princípios, o bacana é fazer arriscação até na comida. O máximo é a gente não gostar. Tem gente que está lá do outro lado do mundo e insiste em comer fast food (com direito à batata frita igualzinha a do shopping a cinco minutos da sua casa). Adoro batata frita, mas o bacana de ir pra outro lado do mundo é experimentar o que é típico, diferente, único de lá. Acredite, até a receita tradicional, com os temperos típicos de uma região, fica totalmente novo.
Tem gente que só come lá o que tem aqui; efeito da globalização... Negação da diferença. A mesma batata frita de lá pode ser encontrada aqui, mas e aí, qual a graça? Tem gente que não experimenta. Nem pra dizer que não gostou.
Quando a gente viaja a viagem, viaja na viagem. Embarca de corpo e de alma. Se entrega, se permite. Viaja no tempo cronológico, com direito a alteração de fuso horário, e viaja no tempo lógico, com direito a pensar pelo menos um pouquinho do jeito que aquele povo também pensa. Viajar na viagem exige arriscação, mas acabei de me dar conta que arriscação... rima também com satisfação.
Não tão óbvio assim é que, quando a gente viaja, muda de lugar subjetivo, muda de ponto de vista, e isso faz diferença.
Se estou no meu país, quem vem me perguntar coisas do tipo: “aonde fica isso?”, “em que rua fica tal ponto?”, penso: “nossa, que óbvio”, é claro que tal ponto é em tal lugar, é claro que a capital do Brasil é Brasília, é claro que no Rio de Janeiro tem o Pão-de-Açúcar, é claro que em São Paulo tem o Tietê. Mas quando estou em outro país, até o mais óbvio, pode parecer diferente. E é.
Quem é o representante político? Qual a capital? Como chego até lá? Sim, até o que é mais óbvio parece não tão óbvio agora. Sou estrangeiro, não sei exatamente onde estão as coisas, não acompanho de pertinho, não sei dos detalhes. Lembro bem de quando vi o Big Ben pela primeira vez. Todo mundo sabia que estava lá, mas quando eu descobri, foi a maior descoberta, e a minha expressão na foto não me deixa mentir o fantástico mundo que tinha acabado de desvendar. Eureka.
A gente muda sim. As coisas mudam de lugar, a gente muda junto; e um dos grandes baratos de embarcar na viagem é se permitir um pouco do que vou chamar aqui de “arriscação”. Você precisa perguntar alguma coisa, não tem jeito. Pra isso, a gente fala, gesticula, faz sons (que podem ser das coisas mais variadas possíveis), do tipo, se você quer dizer que o telefone está ocupado e não sabe isso em alemão, fala simplesmente: “das telephonen... tu tu tu...” não dá outra, todo mundo entende.
A arriscação tem dessas coisas, a gente tem que tentar. Não sabe todas as palavras da frase? Ah... Não tem problema, se não sabe tudo, faz o começo, emenda no final e no meio... Ah, no meio a gente inventa e tudo dá certo. Um dos baratos da arriscação é que, dependendo da língua, as pessoas podem entender mais ou menos o que você fala, (porque a língua que estão falando também não é a língua-mãe dela), e depois podem até falar de você (bem ou mal) na sua frente, sem você ter a mínima ideia. Não tem problema. Talvez seja essa a diferença quando a gente não sabe, não se ofende e está tudo certo. Tudo faz parte da arriscação.
Tem gente que viaja, mas não viaja a viagem. Insiste em fazer tudo igualzinho ao que faz no país onde é cidadão. A comida é diferente; coisas que você nunca viu, mas que se recusa a experimentar. Não que a gente tenha que experimentar gatinhos e cachorrinhos como na China, mas, se o diferente não fere os princípios, o bacana é fazer arriscação até na comida. O máximo é a gente não gostar. Tem gente que está lá do outro lado do mundo e insiste em comer fast food (com direito à batata frita igualzinha a do shopping a cinco minutos da sua casa). Adoro batata frita, mas o bacana de ir pra outro lado do mundo é experimentar o que é típico, diferente, único de lá. Acredite, até a receita tradicional, com os temperos típicos de uma região, fica totalmente novo.
Tem gente que só come lá o que tem aqui; efeito da globalização... Negação da diferença. A mesma batata frita de lá pode ser encontrada aqui, mas e aí, qual a graça? Tem gente que não experimenta. Nem pra dizer que não gostou.
Quando a gente viaja a viagem, viaja na viagem. Embarca de corpo e de alma. Se entrega, se permite. Viaja no tempo cronológico, com direito a alteração de fuso horário, e viaja no tempo lógico, com direito a pensar pelo menos um pouquinho do jeito que aquele povo também pensa. Viajar na viagem exige arriscação, mas acabei de me dar conta que arriscação... rima também com satisfação.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
VOAR
Adoro voar.
Quando eu era pequena, adorava imaginar como seria voar de avião.
A primeira vez que voei, não estava nem preocupada com o destino, aonde seria, quanto tempo levaria, fuso horário, moeda estrangeira... eu só queria voar. Claro que esta parte toda, quem fez foi minha irmã, que já tinha voado de avião e que estava sim, preocupada com o destino, cumprindo exatamente sua função de irmã mais velha; mas eu... queria só, e quase que exclusivamente, voar. E olha que eu estava indo para a querida Buenos Aires, mas pra mim, não fazia muita diferença. Quando chegamos no destino, levei tudo que tinha direito de dentro do avião. Queria ter uma recordação (diga-se de passagem, do vôo). Levei tudo: revista, cobertorzinho... achei o máximo. E foi.
Quando pequena, não entendia muito como os aviões conseguiam levantar vôo, (não que agora eu seja uma expert), mas achava incrível como um negócio daquele tamanho, muito maior que um ônibus (que para mim, na época, já era grande), conseguia ir parar nos ares.
E até hoje, continuo achando super legal.
Confesso, adoro sentar na janelinha. Às vezes, fico pensando que fico um pouco criança quando viajo de avião. Adoro sentir. O avião tá parado, de repentem ele avisa que vai decolar. Lá vem a aeromoça. Hoje em dia elas não fazem mais toda aquela ginástica que presenciei da primeira vez, mas elas ficam ali, checando, até virem os avisos:
- Atar os cintos de segurança, bancos na vertical.
Motores prontos, ele anda, começa a correr, embala, embala, embala..... e decola. A-DO-RO.
Quando o avião está para decolar, me dá aquela sensação de quando a gente quer alguma coisa e tem determinação, quando a gente corre atrás e então embala, embala, embala e também decola.
De repente, tudo começa a mudar. O que antes a gente só vê uma face, começa agora rapidinho a parecer distante, dá pra ver a cidade de cima, e tudo começa a ficar pequenininho...
E as núvens...
Ah! As núvens... Queria acreditar que se a gente se jogasse lá de cima, cairia em cima das núvens, e elas são tão fofinhas! Seria como cair em cima de um grande tapete, mais macio que algodão. E o céu, é sempre azul... mesmo que você decole com chuva... poque depois que você passa dela, tudo clareia. Não importa qual o seu destino. O céu, é sempre azul. E é bom se lembrar disso, sempre.
Hoje, me preocupo mais com o destino do que com a viagem, me preocupo se vai estar frio, me preocupo em usar uma roupa confortável pra andar bastante, o que preciso saber antes de ir aos passeios, me preocupo com os passeios, com os pontos que quero visitar, me preocupo com o que fazer, que livro ler durante o tempo em que estarei ociosa. É muito bom se preocupar com a chegada. É necessário, é essencial. Mas é muito bom curtir o caminho.
Lembro até hoje, da primeira vez que voei. Minha alegria era pensar sobre o que seria a próxima atração do avião (não se iluda, se a viagem for curta, o avião terá poucas atrações além de amendoim e refrigerante), mas eu ficava lá, só curtindo. Curtindo pelo simples prazer de curtir. E mesmo que a próxima atração fosse o amendoin, ele seria, naquele momento, o melhor do mundo.
O caminho, é longo, eu sei, mas ele chega. E quanto mais se aproveitar o durante, mais rápido chega o depois. Quando mais se curte o presente, mais rápido e melhor se chega no futuro. Lembro então daquela frase: “felicidade é uma jornada, não um destino”.
Quando eu era pequena, adorava imaginar como seria voar de avião.
A primeira vez que voei, não estava nem preocupada com o destino, aonde seria, quanto tempo levaria, fuso horário, moeda estrangeira... eu só queria voar. Claro que esta parte toda, quem fez foi minha irmã, que já tinha voado de avião e que estava sim, preocupada com o destino, cumprindo exatamente sua função de irmã mais velha; mas eu... queria só, e quase que exclusivamente, voar. E olha que eu estava indo para a querida Buenos Aires, mas pra mim, não fazia muita diferença. Quando chegamos no destino, levei tudo que tinha direito de dentro do avião. Queria ter uma recordação (diga-se de passagem, do vôo). Levei tudo: revista, cobertorzinho... achei o máximo. E foi.
Quando pequena, não entendia muito como os aviões conseguiam levantar vôo, (não que agora eu seja uma expert), mas achava incrível como um negócio daquele tamanho, muito maior que um ônibus (que para mim, na época, já era grande), conseguia ir parar nos ares.
E até hoje, continuo achando super legal.
Confesso, adoro sentar na janelinha. Às vezes, fico pensando que fico um pouco criança quando viajo de avião. Adoro sentir. O avião tá parado, de repentem ele avisa que vai decolar. Lá vem a aeromoça. Hoje em dia elas não fazem mais toda aquela ginástica que presenciei da primeira vez, mas elas ficam ali, checando, até virem os avisos:
- Atar os cintos de segurança, bancos na vertical.
Motores prontos, ele anda, começa a correr, embala, embala, embala..... e decola. A-DO-RO.
Quando o avião está para decolar, me dá aquela sensação de quando a gente quer alguma coisa e tem determinação, quando a gente corre atrás e então embala, embala, embala e também decola.
De repente, tudo começa a mudar. O que antes a gente só vê uma face, começa agora rapidinho a parecer distante, dá pra ver a cidade de cima, e tudo começa a ficar pequenininho...
E as núvens...
Ah! As núvens... Queria acreditar que se a gente se jogasse lá de cima, cairia em cima das núvens, e elas são tão fofinhas! Seria como cair em cima de um grande tapete, mais macio que algodão. E o céu, é sempre azul... mesmo que você decole com chuva... poque depois que você passa dela, tudo clareia. Não importa qual o seu destino. O céu, é sempre azul. E é bom se lembrar disso, sempre.
Hoje, me preocupo mais com o destino do que com a viagem, me preocupo se vai estar frio, me preocupo em usar uma roupa confortável pra andar bastante, o que preciso saber antes de ir aos passeios, me preocupo com os passeios, com os pontos que quero visitar, me preocupo com o que fazer, que livro ler durante o tempo em que estarei ociosa. É muito bom se preocupar com a chegada. É necessário, é essencial. Mas é muito bom curtir o caminho.
Lembro até hoje, da primeira vez que voei. Minha alegria era pensar sobre o que seria a próxima atração do avião (não se iluda, se a viagem for curta, o avião terá poucas atrações além de amendoim e refrigerante), mas eu ficava lá, só curtindo. Curtindo pelo simples prazer de curtir. E mesmo que a próxima atração fosse o amendoin, ele seria, naquele momento, o melhor do mundo.
O caminho, é longo, eu sei, mas ele chega. E quanto mais se aproveitar o durante, mais rápido chega o depois. Quando mais se curte o presente, mais rápido e melhor se chega no futuro. Lembro então daquela frase: “felicidade é uma jornada, não um destino”.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
FADA MADRINHA
Esta semana, tive a oportunidade de curtir muito minha afilhada. Sim, sou madrinha. Fada madrinha? Não... só madrinha. O que pra mim, já é muito honroso.
Você pode me perguntar como é esta criança, de quem, tenho o prazer de ter um título tão importante assim...
Bom, ela é fofa... Linda, querida, tem olhos azuis, linda, doce, linda, animada, linda, inteligente, linda, graciosa, linda, e não só por fora... Sua voz é como música para os ouvidos e sua risada, gotas de felicidade. Como crianças fazem bem pra gente! Elas alegram o dia com o seu encantamento, acham graça pelas coisas mais simples como assoprar um papel e vê-lo voar, se esconder atrás de uma árvore, cantar a musiquinha do sapo... e como aprendem rápido o que escutam e observam.
A infância é aquela parte da vida em que se absorve tudo, em que as primeiras representações são instaladas e de onde a gente vai inconscientemente tentar repetir na idade adulta. Traço unário, já dizia Lacan. Aquilo que se instala ali, segundo o desejo deste Outro Primordial que é a mãe.
Assim crescemos e nos tornamos adultos.
Os pais têm papel fundamental no desenvolvimento da criança; nesta etapa, são responsáveis pelo sustento e pelos aspectos psicológicos dela também. Incentivá-la, protegê-la, cuidá-la. Mas o mais importante, amá-la. É ao redor deste mundo que os pais criam, que a criança vai se desenvolver, vai fazer escolhas baseadas nesta experiência, vai seguir caminhos e deixar outros.
Claro que nem tudo são flores, há situações difíceis, penosas, sofridas, e grande parte da angústia dos pais, é fazer com que seus filhos não passem por sofrimentos. Missão difícil; quase impossível, já que a própria vida é feita de altos e baixos, alegrias e tristezas. O importante mesmo, é fazê-los lidar com as dificuldades, encontrar caminhos, muní-los de capacidade para que possam enfrentar os problemas. (Missão mais difícil ainda do que tentar deixá-los sem problemas); porém, é o caminho mais seguro, pois é enfrentando as dificuldades que a gente é feliz, é indo a luta, é torcendo e se arriscando, assim como fazem as crianças. Elas não pensam no perigo, elas têm vontade. Acordam com toda a energia e prontas pra mais um dia de estímulos e brincadeiras... e como se recuperam rápido! Podem cair, mas se levantam, choram um pouco, é claro, mas logo, logo, estão dispostas pra outra leva de emoções! Passam um dia curtindo cantigas, se escondendo atrás de roupas, brincando de esconde-esconde e fazendo festa! Acham graça no espirro do cachorrinho e na bolacha de chocolate...
Quanto temos que aprender com as crianças. Quanta vitalidade, energia, recuperação e entusiasmo. Lições que elas dão de dez a zero em gente grande.
Sim, eu sou a madrinha, mas ela é a fada.
Você pode me perguntar como é esta criança, de quem, tenho o prazer de ter um título tão importante assim...
Bom, ela é fofa... Linda, querida, tem olhos azuis, linda, doce, linda, animada, linda, inteligente, linda, graciosa, linda, e não só por fora... Sua voz é como música para os ouvidos e sua risada, gotas de felicidade. Como crianças fazem bem pra gente! Elas alegram o dia com o seu encantamento, acham graça pelas coisas mais simples como assoprar um papel e vê-lo voar, se esconder atrás de uma árvore, cantar a musiquinha do sapo... e como aprendem rápido o que escutam e observam.
A infância é aquela parte da vida em que se absorve tudo, em que as primeiras representações são instaladas e de onde a gente vai inconscientemente tentar repetir na idade adulta. Traço unário, já dizia Lacan. Aquilo que se instala ali, segundo o desejo deste Outro Primordial que é a mãe.
Assim crescemos e nos tornamos adultos.
Os pais têm papel fundamental no desenvolvimento da criança; nesta etapa, são responsáveis pelo sustento e pelos aspectos psicológicos dela também. Incentivá-la, protegê-la, cuidá-la. Mas o mais importante, amá-la. É ao redor deste mundo que os pais criam, que a criança vai se desenvolver, vai fazer escolhas baseadas nesta experiência, vai seguir caminhos e deixar outros.
Claro que nem tudo são flores, há situações difíceis, penosas, sofridas, e grande parte da angústia dos pais, é fazer com que seus filhos não passem por sofrimentos. Missão difícil; quase impossível, já que a própria vida é feita de altos e baixos, alegrias e tristezas. O importante mesmo, é fazê-los lidar com as dificuldades, encontrar caminhos, muní-los de capacidade para que possam enfrentar os problemas. (Missão mais difícil ainda do que tentar deixá-los sem problemas); porém, é o caminho mais seguro, pois é enfrentando as dificuldades que a gente é feliz, é indo a luta, é torcendo e se arriscando, assim como fazem as crianças. Elas não pensam no perigo, elas têm vontade. Acordam com toda a energia e prontas pra mais um dia de estímulos e brincadeiras... e como se recuperam rápido! Podem cair, mas se levantam, choram um pouco, é claro, mas logo, logo, estão dispostas pra outra leva de emoções! Passam um dia curtindo cantigas, se escondendo atrás de roupas, brincando de esconde-esconde e fazendo festa! Acham graça no espirro do cachorrinho e na bolacha de chocolate...
Quanto temos que aprender com as crianças. Quanta vitalidade, energia, recuperação e entusiasmo. Lições que elas dão de dez a zero em gente grande.
Sim, eu sou a madrinha, mas ela é a fada.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
DE-PRESSÃO
Vivemos num mundo onde a palavra depressão certamente já foi pronunciada pela sua boca.
Se pensarmos geograficamente, depressão é um relevo aplainado, onde podem ser encontradas baixas colinas, suas altitudes são menores dos que dos relevos ao seu redor. É aonde se acumula a água da chuva num terreno. É como uma poça d´água.
Na vida psíquica, não é muito diferente. Quando estamos deprimidos, a sensação que se tem é de estar no fundo do poço, (ou da poça), e com água em cima; um verdadeiro afogamento. Pra piorar, ainda podem aparecer sintomas como insônia, apatia, falta de vontade, pensamentos pessimistas, falta de concentração e memória, ansiedade, palpitações; e eles podem variar bastante de caso para caso.
Existem vários tipos de depressão. E vários tipos de-pressão. Trabalho, família, imposições, relacionamentos, escolhas, perdas, dificuldades financeiras. Tudo isso, pressionando alguém que está lá dentro e muitas vezes não consegue nem tomar um pouquinho de ar em meio a toda essa miscelânea de sentimentos / sufocamentos. Lembra do superego? Pois é. Muitas vezes, a depressão pode ter início aí, com as exigências dele. Às vezes, ele coloca uma imposição tão grande, que a gente pensa que pode cumprir, e quando não consegue, lá vem ele... massacrando mais uma vez.
De que tipo de-pressão você sofre? Precisa de remédio? Remédio da coragem, remédio do ânimo, remédio do sono, remédio da tristeza?
Não é fácil mesmo estar em meio a tudo isso e o que muitas vezes questionamos: sem escolher estar aqui. Não pedimos pra nascer; não escolhemos, escolheram por nós e agora estamos aqui, jogados num mundo de exigência, e com a pretensão de que tudo na vida tem que dar certo. Grande mal-estar da civilização, já dizia Freud. É com isso que temos que conviver. Com esse a-sujeitamento a que fomos expostos, quando decidiram por nós que deveríamos existir; porém, é assim. A gente nasce, cresce e de repente tem que decidir o que fazer da vida, o que escolher. Algumas escolhas são mais fáceis, outras mais difíceis, umas que são pra vida toda, outras que a gente quer voltar atrás. De fato, a vida é um relevo cheio de depressões e colinas, onde algumas fases são mais fundas que outras; algumas crises mais fáceis de se suportar que outras.
Nossa vida é esse terreno, cheio de declínios e ascensões. O fato é que a depressão é quando essa parte mais baixa do relevo, esse terreno em que acumulou água já está tão cheio que não consegue mais vencer a absorção; e de onde vem a água que se acumula aí, na nossa depressão? É água da nossa própria chuva ou é chuva que vem de outros terrenos, de um Grande Outro, trazendo junto com ela galhos de enchentes, lixo e outros sedimentos?
Depósito de pressão? Ou depressão que vem da pressão?
Se pensarmos geograficamente, depressão é um relevo aplainado, onde podem ser encontradas baixas colinas, suas altitudes são menores dos que dos relevos ao seu redor. É aonde se acumula a água da chuva num terreno. É como uma poça d´água.
Na vida psíquica, não é muito diferente. Quando estamos deprimidos, a sensação que se tem é de estar no fundo do poço, (ou da poça), e com água em cima; um verdadeiro afogamento. Pra piorar, ainda podem aparecer sintomas como insônia, apatia, falta de vontade, pensamentos pessimistas, falta de concentração e memória, ansiedade, palpitações; e eles podem variar bastante de caso para caso.
Existem vários tipos de depressão. E vários tipos de-pressão. Trabalho, família, imposições, relacionamentos, escolhas, perdas, dificuldades financeiras. Tudo isso, pressionando alguém que está lá dentro e muitas vezes não consegue nem tomar um pouquinho de ar em meio a toda essa miscelânea de sentimentos / sufocamentos. Lembra do superego? Pois é. Muitas vezes, a depressão pode ter início aí, com as exigências dele. Às vezes, ele coloca uma imposição tão grande, que a gente pensa que pode cumprir, e quando não consegue, lá vem ele... massacrando mais uma vez.
De que tipo de-pressão você sofre? Precisa de remédio? Remédio da coragem, remédio do ânimo, remédio do sono, remédio da tristeza?
Não é fácil mesmo estar em meio a tudo isso e o que muitas vezes questionamos: sem escolher estar aqui. Não pedimos pra nascer; não escolhemos, escolheram por nós e agora estamos aqui, jogados num mundo de exigência, e com a pretensão de que tudo na vida tem que dar certo. Grande mal-estar da civilização, já dizia Freud. É com isso que temos que conviver. Com esse a-sujeitamento a que fomos expostos, quando decidiram por nós que deveríamos existir; porém, é assim. A gente nasce, cresce e de repente tem que decidir o que fazer da vida, o que escolher. Algumas escolhas são mais fáceis, outras mais difíceis, umas que são pra vida toda, outras que a gente quer voltar atrás. De fato, a vida é um relevo cheio de depressões e colinas, onde algumas fases são mais fundas que outras; algumas crises mais fáceis de se suportar que outras.
Nossa vida é esse terreno, cheio de declínios e ascensões. O fato é que a depressão é quando essa parte mais baixa do relevo, esse terreno em que acumulou água já está tão cheio que não consegue mais vencer a absorção; e de onde vem a água que se acumula aí, na nossa depressão? É água da nossa própria chuva ou é chuva que vem de outros terrenos, de um Grande Outro, trazendo junto com ela galhos de enchentes, lixo e outros sedimentos?
Depósito de pressão? Ou depressão que vem da pressão?
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