terça-feira, 17 de novembro de 2009

VOAR

Adoro voar.
Quando eu era pequena, adorava imaginar como seria voar de avião.
A primeira vez que voei, não estava nem preocupada com o destino, aonde seria, quanto tempo levaria, fuso horário, moeda estrangeira... eu só queria voar. Claro que esta parte toda, quem fez foi minha irmã, que já tinha voado de avião e que estava sim, preocupada com o destino, cumprindo exatamente sua função de irmã mais velha; mas eu... queria só, e quase que exclusivamente, voar. E olha que eu estava indo para a querida Buenos Aires, mas pra mim, não fazia muita diferença. Quando chegamos no destino, levei tudo que tinha direito de dentro do avião. Queria ter uma recordação (diga-se de passagem, do vôo). Levei tudo: revista, cobertorzinho... achei o máximo. E foi.
Quando pequena, não entendia muito como os aviões conseguiam levantar vôo, (não que agora eu seja uma expert), mas achava incrível como um negócio daquele tamanho, muito maior que um ônibus (que para mim, na época, já era grande), conseguia ir parar nos ares.
E até hoje, continuo achando super legal.
Confesso, adoro sentar na janelinha. Às vezes, fico pensando que fico um pouco criança quando viajo de avião. Adoro sentir. O avião tá parado, de repentem ele avisa que vai decolar. Lá vem a aeromoça. Hoje em dia elas não fazem mais toda aquela ginástica que presenciei da primeira vez, mas elas ficam ali, checando, até virem os avisos:
- Atar os cintos de segurança, bancos na vertical.
Motores prontos, ele anda, começa a correr, embala, embala, embala..... e decola. A-DO-RO.
Quando o avião está para decolar, me dá aquela sensação de quando a gente quer alguma coisa e tem determinação, quando a gente corre atrás e então embala, embala, embala e também decola.
De repente, tudo começa a mudar. O que antes a gente só vê uma face, começa agora rapidinho a parecer distante, dá pra ver a cidade de cima, e tudo começa a ficar pequenininho...
E as núvens...
Ah! As núvens... Queria acreditar que se a gente se jogasse lá de cima, cairia em cima das núvens, e elas são tão fofinhas! Seria como cair em cima de um grande tapete, mais macio que algodão. E o céu, é sempre azul... mesmo que você decole com chuva... poque depois que você passa dela, tudo clareia. Não importa qual o seu destino. O céu, é sempre azul. E é bom se lembrar disso, sempre.
Hoje, me preocupo mais com o destino do que com a viagem, me preocupo se vai estar frio, me preocupo em usar uma roupa confortável pra andar bastante, o que preciso saber antes de ir aos passeios, me preocupo com os passeios, com os pontos que quero visitar, me preocupo com o que fazer, que livro ler durante o tempo em que estarei ociosa. É muito bom se preocupar com a chegada. É necessário, é essencial. Mas é muito bom curtir o caminho.
Lembro até hoje, da primeira vez que voei. Minha alegria era pensar sobre o que seria a próxima atração do avião (não se iluda, se a viagem for curta, o avião terá poucas atrações além de amendoim e refrigerante), mas eu ficava lá, só curtindo. Curtindo pelo simples prazer de curtir. E mesmo que a próxima atração fosse o amendoin, ele seria, naquele momento, o melhor do mundo.
O caminho, é longo, eu sei, mas ele chega. E quanto mais se aproveitar o durante, mais rápido chega o depois. Quando mais se curte o presente, mais rápido e melhor se chega no futuro. Lembro então daquela frase: “felicidade é uma jornada, não um destino”.

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